A Inteligência Artificial vai substituir o Engenheiro de Custos?

Eng. Gustavo Martins

Nos últimos meses, a inteligência artificial (IA) tem sido o assunto mais falado em praticamente todas as áreas. E não seria diferente na engenharia de custos. Afinal, será que a IA vai tomar o lugar do engenheiro orçamentista? Será que o software vai substituir o conhecimento e a experiência do profissional?

Essa dúvida é legítima. Eu mesmo comecei a testar a IA há mais de um ano e meio, e de lá para cá muita coisa evoluiu. Mas também ficou claro que existem limitações, riscos e oportunidades que a gente precisa entender.

Neste artigo, vou explicar como está a maturidade da IA hoje na área de orçamentos, o que ela consegue entregar, quais são os benefícios práticos e por que você não precisa se preocupar em perder o emprego. Desde que saiba usar essa tecnologia como aliada! Se você apenas preenche planilhas, aí sim .. eu começaria a me preocupar.

O estágio atual da IA na engenharia de custos

Quando comecei a testar o ChatGPT lá atrás, o nível era bem baixo. Ele mal conseguia responder de forma útil e, muitas vezes, me direcionava para “consultar um engenheiro de custos” (o que eu até achava engraçado e ótimo para nossa profissão).

Com o tempo, a ferramenta evoluiu. Passou a responder de forma mais estruturada, sugerir cálculos, análises e até montar um orçamento básico. Só que ainda há um problema: a IA não foi feita para cálculo complexo. O foco dela é texto, perguntas e respostas. Por isso, em quantitativos e detalhamento técnico, ela ainda erra bastante.

Exemplo prático:
Quando pedi um orçamento executivo, a IA conseguiu estruturar etapas como serviços preliminares, terraplenagem, alvenaria etc. Porém, os quantitativos de aço, fundações e instalações estavam completamente fora. Em algumas partes, como quantidade de portas e áreas, ela acertou bem. Só que o projeto tinha estes dados em texto. (detalhe importante)

Ou seja: a ferramenta ajuda na organização e até para não esquecer etapas, mas não dá para confiar cegamente nos números.

Benefícios reais que já conseguimos com IA

Apesar das limitações, a IA já traz ganhos importantes. Vou listar os três principais que vejo hoje:

1. Economia de tempo

Uma análise de viabilidade que antes levava de 2 a 3 horas para um profissional experiente, hoje pode ser feita em poucos minutos com apoio da IA. (vou mostrar como e qual ferramenta usar).


Se pensarmos em alguém que ainda está aprendendo, esse tempo poderia ser de dias.

Agora, com poucos cliques, você já tem uma boa estimativa inicial.

2. Escalabilidade de serviços

Se você cobra para fazer orçamentos e estudos de viabilidade, a IA pode ser sua maior aliada. Isso porque ela permite escalar o que antes era limitado pelo tempo.

Exemplo:
Um estudo de viabilidade simples podia custar R$ 600 a R$ 1.000. Mas para fazer em volume, era preciso montar equipe, treinar, ganhar experiência. Hoje, com ferramentas de orçamento paramétrico, você consegue entregar resultados muito mais rápido e atender mais clientes, sem precisar aumentar proporcionalmente sua equipe.

3. Estruturação e apoio à decisão

A IA pode organizar etapas, sugerir categorias e até montar uma EAP (Estrutura Analítica de Projeto) inicial. Isso ajuda a não deixar passar nada e pode ser um aliado no checklist final do orçamento.


Ela funciona como um “estagiário de orçamentos”, revisando e lembrando de pontos que, na correria, poderiam ser esquecidos.

A analogia da máquina de café

Gosto de usar um exemplo simples para explicar esse cenário: a máquina de café.

A maioria das pessoas não quer aprender a ser barista, entender a moagem dos grãos ou a temperatura da água. O que elas querem é um café bom, rápido, com apenas alguns botões e pronto! Já sai o café prontinho.

Na engenharia de custos é parecido. Nem todo mundo vai querer aprender a fundo o orçamento paramétrico, entender cada fórmula e cada detalhe técnico. Elas querem o resultado pronto e confiável.

É isso que realizamos no eCustos: uma máquina de café para orçamentos. Você aperta alguns botões, escolhe o padrão da obra, insere os dados principais e pronto. Já tem em mãos um orçamento paramétrico consistente, sem precisar estudar semanas para aprender a metodologia e somente depois aplicar o conhecimento.

Comparação prática: ChatGPT x eCustos

No vídeo que originou este artigo, fiz um teste comparando um orçamento feito no ChatGPT com outro feito no eCustos. O resultado foi bem claro:

  • ChatGPT: trouxe um orçamento de R$ 126 mil para uma residência de 67,87 m².
  • eCustos: para a mesma obra, entregou R$ 181 mil.

Estamos falando de uma diferença de 43%!

E por que isso acontece?


Porque a IA genérica não considera itens essenciais como BDI, serviços complementares, tipos de fundação, histórico real de obras e outras variáveis.


Já o eCustos usa uma base sólida, validada em diversos projetos, com dados de mercado e obras executadas.

Esse é um ponto crítico: se alguém confia apenas no orçamento da IA genérica, pode acabar assumindo um risco enorme. Na prática, não dá para construir uma casa de R$ 181 mil com apenas R$ 126 mil.

Se quiser assistir ao vídeo, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=STfcDpcxW5g&t

Limitações e riscos da IA

Então, fica claro que a IA não vai substituir o engenheiro de custos. Pelo contrário: ela vai precisar cada vez mais da nossa base de conhecimento para funcionar bem.

Os principais riscos que vejo hoje são:

  • Confiança: acreditar cegamente nos resultados sem validar.
  • Dados incompletos: muitas vezes a IA não considera fundações, acabamentos ou serviços específicos.
  • Ausência de contexto local: custo de mão de obra, materiais e índices variam por região.

Por isso, a mensagem é clara: a IA é uma aliada, não uma substituta.

A oportunidade para o engenheiro de custos

Agora, vamos inverter a lógica: se a IA não substitui, ela abre uma grande oportunidade.

O engenheiro que souber usar a IA de forma inteligente vai ganhar de 5 a 10 vezes mais produtividade.

  • Vai poder atender mais clientes.
  • Vai conseguir entregar estudos em menos tempo.
  • Vai ganhar confiança do mercado, porque une tecnologia + experiência prática.

Ou seja: a IA vai valorizar ainda mais quem tem conhecimento e uma base sólida em orçamento e custos.

Conclusão

Respondendo à pergunta do início: a IA não vai substituir o engenheiro de custos.

Ela ainda está longe disso. O que ela faz é potencializar a produtividade e ajudar na organização.

As ferramentas que já temos, como o eCustos e o Gestor Obras, mostram na prática como é possível unir IA + base de dados validada para entregar resultados confiáveis.

O futuro não é sobre perder espaço para a IA, mas sim sobre saber integrá-la ao seu trabalho. Quem fizer isso primeiro vai sair na frente, atender mais clientes e ganhar mais relevância no mercado.

A grande sacada aqui é: Ela irá escalar Serviço. Hoje a eCustos é um SAAS (Software as a Service) mas é possível dizer que o futuro/presente pode ser SAAS (Service as a Service).

Portanto, não tenha medo. Teste, use, entenda as limitações e aproveite os benefícios.

E você? Já usou IA nos seus orçamentos?

Deixe nos comentários sua experiência, se funcionou bem, se teve problemas ou se ajudou a ganhar tempo. Quero saber como você está aplicando isso no seu dia a dia.

Forte Abraço e até o próximo artigo.

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