Pré-Fabricado: O Futuro que Chegou Há 50 Anos?

Eng. Carlos Barbosa

Quando comecei minha carreira no setor de pré-fabricados, a frase que mais ouvia era: “o pré-fabricado é o futuro da construção”. Isso foi há mais de 20 anos. E o que mudou de lá para cá? Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda é o futuro? Ou já virou peça de museu?

Convido você a embarcar comigo neste breve e sincero relato para que, juntos, possamos tirar nossas conclusões sobre essa trajetória.

A História e a Evolução do Pré-Fabricado no Brasil

Segundo consta no livro “O Concreto no Brasil, Vol. 3”, do mestre Augusto Carlos Vasconcelos, a primeira obra no Brasil utilizando pré-fabricados data de 1926, no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, e foi executada por uma construtora dinamarquesa.

Teremos, então, quase 100 anos de pré-fabricação no Brasil. Mas o que efetivamente podemos ver de diferença nesta metodologia, comparando-a com o que se via naquela época? É claro que você pode argumentar: “Carlos, muita coisa mudou!”. E sim, mudou muito. Carros, aviões, a televisão e a medicina evoluíram drasticamente. O cinema também. Mas será que a construção mudou tanto assim se comparada a essas outras áreas?

Minha resposta para essa pergunta seria: “Depende do ponto de vista”. Se pegarmos a indústria automotiva como exemplo, os avanços são nítidos: veículos mais rápidos, mais econômicos, mais bonitos e tecnológicos, em uma indústria muito mais automatizada e robótica. No entanto, o carro continua tendo quatro rodas, transportando pessoas e, infelizmente, ainda apresenta defeitos. Ele mudou em tecnologia e processos, mas não em sua entrega fundamental.

O mesmo pode ser dito da construção. Ela não mudou sua entrega principal: criar ambientes para os seres humanos habitarem, trabalharem, conviverem. Contudo, os materiais e as metodologias mudaram muito, e a velocidade de entrega aumentou consideravelmente, algo que o pré-fabricado potencializou enormemente.

As Vantagens Técnicas e Operacionais do Sistema Pré-Fabricado

Podemos citar, por exemplo, que uma obra em pré-fabricados pode ser até 30% mais rápida que uma obra convencional. Além disso, ganha-se em qualidade porque a produção ocorre em um ambiente controlado – geralmente um galpão coberto e livre de intempéries, como um laboratório dentro da fábrica. Isso permite que profissionais específicos atuem em cada processo, garantindo controle de qualidade por peça e maior segurança, já que as pessoas não trabalham em altura, em locais perigosos ou insalubres.

Mas, apesar de todas essas vantagens, o que efetivamente mudou para este “futuro” se concretizar de fato?

É sabido que a mão de obra sempre foi um grande problema, não só na construção, mas em qualquer setor. Lembro-me de meu sogro comentando que, em 1960, a mão de obra já era um desafio em sua loja.

Contudo, talvez pela primeira vez, temos uma mudança considerável na construção civil, que sempre foi um setor empregador de mão de obra sem escolaridade ou qualificação. Desta vez, acompanhamos uma mudança geracional: filhos de pedreiros, carpinteiros e mestres de obras, por exemplo, não desejam seguir a profissão de seus pais, o que resulta em um envelhecimento da mão de obra no canteiro.

Raramente encontramos profissionais operacionais em canteiros de obra abaixo dos 30 anos de idade hoje em dia.

O Novo Cenário da Construção e a Chegada Definitiva do “Futuro”

Este, talvez, seja o ponto de virada para o pré-fabricado. Trabalhar em uma fábrica – um local fechado, perto de casa, com estrutura de segurança e potencial de crescimento – atrai muito mais do que um canteiro de obras, que frequentemente opera debaixo de chuva, é perigoso e exige deslocamento constante para diferentes locais da cidade ou do país.

Com essa realidade, a necessidade dos construtores mudou. O foco deixou de ser apenas o prazo e passou a ser a própria capacidade de execução da obra, afetando toda a cadeia de prazos de entrega.

A cultura que antes representava uma grande barreira à execução de projetos pré-fabricados, agora está sendo introduzida “a fórceps” no mercado, tornando-se, em muitos casos, a única alternativa. Isso força o construtor, que antes nunca havia executado nada em pré-fabricado, a fazê-lo e, consequentemente, a descobrir o quanto essa metodologia pode ajudar.

O construtor ganha em tempo, em qualidade e em segurança, podendo dedicar mais atenção a outras etapas da obra. Cabe agora ao setor de pré-fabricados manter-se dentro dos padrões e normas, promovendo entregas com ainda mais qualidade operacional para que os consumidores do produto enxerguem um valor crescente em sua aquisição.

Então, meu caro leitor, chego à minha breve conclusão de que o pré-fabricado sempre foi o método construtivo do futuro. O único problema era entender quando esse futuro começava. E vejo que ele acabou de chegar.

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